O sleeve é a cirurgia bariátrica mais fisiológica.
7 de agosto de 2017O estômago no sleeve funciona o mais próximo possivel de original.
O estômago é um órgão tubular em formato de “J” constituído cinco porções: a cárdia, o fundo, o corpo , o antro e o piloro. A porção côncava do estômago é chamada de pequena curvatura e a porção convexa é a grande curvatura gástrica.
Ele tem por função armazenar alimentos, misturar, triturar e permitir o início da digestão, produção de muco, ácido clorídrico, fator intrínseco que é essencial no processo de absorção de vitamina B12, secreção de grelina que é o hormônio responsável pela sensação de fome.
É dividido anatomicamente em cárdia, região do fundo, corpo, antro e piloro. A sua parede composta de várias camadas.
Todo o conjunto trabalha integrado, a cárdia tem ação de válvula que impede que o conteúdo gástrico reflua para o esôfago, a musculatura do fundo, corpo e antro produz movimentos coordenados que propele o alimento para frente, o piloro abre e fecha permitindo a passagem do alimento pré-digerido (quimo).
Tudo isso obedece a um complexo sistema de controle local, hormonal e neurológico.
Durante o processo de alimentação o estômago sofre uma distensão com aumento de seu volume chegando a caber até 1500 Ml em pessoas normais e até 4000 Ml em casos extremos.
A acomodação do conteúdo durante a alimentação ocorre por aumento do volume gástrico em diâmetro e comprimento da grande curvatura. Isto ocorre porque a pequena curvatura é relativamente fixa, de parede mais espessa que a grande curvatura .
No Sleeve
O estômago é cortado no sentido vertical paralelo à pequena curvatura restando somente 10% do volume total do estômago . A parte do removida corresponde justamente a porção mais volumosa e distensível do órgão. A cárdia evita o refluxo do conteúdo do novo estômago e o piloro controla a saída dos alimentos. Todos os sistemas de controle continuam funcionantes, não existe nenhum ponto de estreitamento artificial que facilite o entalamento de alimentos. A restrição à passagem é feita pela resistência oferecida por um tubo estreito e longo, bem como pela capacidade do peristaltismo propelir o alimento para o intestino.
Como o novo tubo gástrico é composto pela parte mais fixa e espessa do estômago, a possibilidade de dilatar são pequenas, podendo no entanto ocorrer em situações extremas.
No Bypass gástrico
Também o novo estômago é confeccionado com uma pequena porção da pequena curvatura e portanto pouco propenso à dilatação. O diâmetro do novo estômago é igual ao sleeve e a restrição à passagem de alimentos é dada pela estreita anastomose (emenda) entre o novo estômago e o intestino. Como esta emenda é artificial ela é fixa e não responde ao controle hormonal e neurológico. Por este motivo é mais propenso a entalar com pedaços maiores de alimentos. Em situações de ingestão forçada de alimentos pode haver a dilatação da anastomose deixando de haver a restrição à passagem, permitindo ingerir grandes quantidades.
Portanto tanto no Sleeve como no Bypass gástrico a possibilidade de dilatação do estômago são mínimas.
A maior parte do reganho de peso ou perda insuficiente acontece devido a não adaptação do paciente ao novo estômago, seja por ingestão forçada de alimentos ou ingestão de líquidos calóricos.
Os mecanismos pelos quais a restrição ocorre são diferentes.
No Bypass ela é feita por uma anastomose estreita e fixa.
No Sleeve a restrição ocorre por conta de um estômago estreito de comprimento normal com seu funcionamento regulado pelos mecanismos naturais.
O sleeve é a cirurgia mais fisiológica mantendo o estômago o mais próximo possivel do original.
Dr Marcelino Nakamura